Feedback na Pandemia

Apesar da palavra FEEDBACK ser muito empregada nas empresas e até mesmo no cotidiano das pessoas, o ato de dar e receber informações a respeito do nosso comportamento, sobre nossa postura e sobre o nosso desempenho não é muito praticado.

Existem alguns motivos para isso acontecer.

Em primeiro lugar, destaco a forma de pensar dos seres humanos. Com exceções, que servem para confirmar a regra, gostamos de receber elogios, mas não gostamos que façam observações sobre nossas atitudes.

Isto não é um “privilégio” brasileiro. Experimentei essa mesma situação entre os americanos, europeus e argentinos. O que é um erro, pois o feedback é uma ferramenta extremamente poderosa, quando bem aplicada, para o nosso desenvolvimento pessoal e profissional.

Existe um conceito arraigado nas pessoas que me parece totalmente errado. Muitos falam em Feedback Positivo e Feedback Negativo. Esse é um grande problema, pois já se cria um estigma inicial equivocado.

Com certeza, feedbacks são sempre positivos e têm por objetivo principal contribuir para um fluxo de melhoria contínua.

O Feedback pode ser de duas naturezas. O elogioso, no qual você reconhece uma boa ação, postura ou comportamento, demonstrando que a ação foi apreciada e encorajando a pessoa a continuar nesse caminho. É sempre muito importante que pratiquemos este tipo de feedback, posto que na maioria das vezes, preferimos não nos manifestarmos nestas situações, pensando, talvez de forma empírica, que fazer certo é obrigação de todos. Somos muito mais atentos e presentes nas críticas e reclamações.

O segundo tipo de feedback, erradamente chamado de negativo por muitos, é o feedback que traz uma Oportunidade de Melhoria. Este, quase sempre, é mais valioso que o elogioso.

Bem realizado, com fatos e com uma análise correta ele ajuda muito no desenvolvimento das pessoas e dos profissionais.

Outro problema sério para que o feedback não seja praticado da forma correta é a falta de preparo e treinamento, por parte das empresas, aos seus gestores e colaboradores.

Tenho visto situações interessantes. Há empresas que fazem uma rodada de feedback anual. Fato que não compartilho, porque o feedback deve ser contínuo. Impossível se guardar fatos positivos ou negativos ao longo de um ano, para uma conversa.

É impressionante que com tanto desenvolvimento que tivemos na ciência da Gestão das Pessoas, este tema ainda não integra a agenda das áreas de Recursos Humanos de muitas Organizações.

Com a falta de preparo para dar e receber feedback, junta-se a fome com a vontade de comer. O gestor despreparado, evita de todas as formas a oferecer um feedback com uma oportunidade de melhoria. Ele desenvolve o seguinte raciocínio, novamente errado: “Eu vou falar para ele que isso não foi muito bem aceito, mas ele não vai gostar, vai ficar com a cara virada para mim e no fundo não vai resolver nada, talvez só piore a situação”.

Erro crasso, posto que a falta de feedback, contrário senso, sugere que a pessoa está agindo corretamente e isso faz com que ela continue agindo de forma errada. Além da continuidade do problema, esta forma de agir dos gestores alimenta um problema futuro, qual seja na hora de uma promoção.

Quando a pessoa não é a escolhida para a promoção de cargo ou mesmo de um reajuste salarial por mérito, ela fica indignada e pensa: “Como eu que faço meu trabalho tão bem não fui a escolhida ou a contemplada”?

A falta de preparo e de treinamento provoca em muitos gestores um verdadeiro temor dessa conversa. Sabemos que as empresas padecem de um outro mal muito sério. A forma de promoções. Pela falta de carreiras em “Y”, acabam promovendo bons técnicos para serem gestores. Perdem excelentes técnicos e ganham maus gestores.

A pandemia que tem provocado o trabalho remoto, o qual para mim veio para ficar. Entendo que o sistema híbrido será o adotado pela esmagadora maioria das empresas. Alguns dias no escritório e outros em casa ou nas estações de trabalho perto das residências, poderá ajudar na prática do feedback, penso.

Evidente que o ideal e o correto é o feedback contínuo e presencial, o que, como já salientei, demanda preparo e treinamento, mas é possível que on-line os gestores se sintam menos incomodados com esta tarefa e se disponham a praticar mais essa poderosa ferramenta de gestão. Vamos conferir.          

Fernando Tadeu Perez

Profissional de Recursos Humanos. Conselheiro Certificado IBGC.

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