O que seria do povo se não houvesse o trabalho por aplicativos durante a pandemia? Sem dúvida alguma, este tipo de trabalho ajudou muitas pessoas a levarem o sustento básico para suas famílias. A modernidade dos tempos já havia trazido esta modalidade de trabalho em todas as partes do mundo. Talvez, a mais conhecida seja o trabalho de UBER.
A pandemia fez crescer essa forma de trabalhar. Atualmente é comum a gente ver nas ruas uma grande quantidade de entregadores de encomendas e refeições trabalhando com suas motos, bicicletas, alguns até usam bicicletas dos bancos, e com carros próprios e alugados.
Esses serviços tornaram-se essenciais no nosso novo normal. Acredito que ninguém possa imaginar a vida sem estes prestadores.
Não podemos nos esquecer dos motoristas de UBER e dos motoboys, cuja atuação é paradoxal. Se por um lado, quase todos reclamamos dos “motoqueiros” muitas vezes imprudentes, colocando a própria vida em risco, por outro, fazem um trabalho da maior importância para o funcionamento de nossas vidas. Afinal de contas, quem já não precisou que alguma coisa fosse entregue de forma emergencial?
Com o crescimento destas atividades tão importantes, questões de fundo já começaram a aparecer. Vou destacar algumas.
REMUNERAÇÃO
Trata-se de trabalho liberal, cuja remuneração é negociada livremente entre prestador do serviço e o tomador do serviço. O ponto em questão é: se o valor médio da remuneração deste pessoal é minimamente compatível com a média das demais categorias profissionais. Em outras palavras, o que eles ganham é justo e é suficiente para o sustento de suas famílias?
Não podemos nos esquecer que a maioria deles usa combustível para trabalhar. Os reajustes de preços são frequentes, mas não ocorre ajustes proporcionais em seus ganhos. Essa situação é sustentável? Até quando?
REPRESENTAÇÃO SINDICAL
Não são organizados em sindicatos formais, pelo menos, a maioria deles. Entretanto, associações de classe, podemos chamar assim, começam a aparecer. Tenho para mim que novas irão surgir. Quanto mais os serviços sejam importantes e necessários, mais fortes serão essas representações.
Quem utiliza esses serviços está se preparando para isso?
Aqui reside outro ponto de grande interesse, qual seja: Quem é o tomador desses serviços, a pessoa que recebe o serviço, por exemplo uma entrega em sua casa, ou a empresa que utilizou esse profissional para fazer a entrega?
INFORMALIDADE
Hoje a esmagadora maioria desse pessoal está na informalidade total, ou seja, não tem vínculo de emprego com nenhuma empresa, até porque não são trabalhadores tradicionais com registro em carteira. Não pagam nenhum tipo de imposto. Alegam, com boa dose de razão, que não recebem para isso.
Desta maneira, não tem nenhum tipo de cobertura assistencial. Nem médica e, tão pouco, previdenciária. Todos nós sabemos sobre a quantidade de acidentes que acontecem todos os dias. Os envolvidos recebem atendimentos médicos básicos e depois ficam em filas intermináveis para tentar complementar o atendimento médico para recobrar condições físicas para voltar à labuta.
Imaginem com o passar do tempo, fato inexorável, a quantidade de pessoas idosas que existirão sem nenhum tipo de assistência social. Essa situação é insustentável. Ela vem sendo estudada por vários países ao redor do mundo. Aqui no Brasil não está sendo diferente. Muitos estudos e muitas propostas.
A grande questão é quem irá pagar a conta, pois como sempre, ninguém quer pagar. Para mim, esta conta terá que ser paga por todos, ou seja: pelas empresas tomadoras destes serviços, pela população usuária, pelos próprios prestadores e com alguma ajuda do governo.