Celular, amigo ou não?

A revolução tecnológica sem dúvida tem um grande representante: o celular. Chegou substituindo câmeras fotográficas, scanners, GPS, lanternas, tocadores de música, carteira, arquivos e uma gama infindável de aparelhos e aplicações que usamos no dia a dia.

Sem dúvida, em viagens, nós agradecemos esta pequena caixinha que traz tudo dentro, mas no dia a dia, será que estamos sabendo usar este recurso somente para facilitar a nossa vida? Penso que assim como o veneno, o segredo é a dose ou seja, se recebermos muito morremos, se recebermos pouco podemos nos salvar.

E com  celular a dinâmica não me parece diferente, o segredo está no quanto estamos presos e consumidos por este gadget (aqui também vamos incluir os tablets).

Vejo na rua e restaurantes crianças bem pequenas com celulares ou tablets nas mãos quando poderiam estar praticando atividades para desenvolvimento motor ou socializando com outras crianças. O exagero me preocupa, pois a mim me parece que as habilidades motoras e sociais correm riscos com o exagero de tecnologia que estamos vendo. Não julgo ninguém, minhas filhas já são grandes, mas me lembro do trabalho e energia dispendidas em dar atenção às pequenas. Aqui trago o tema apenas para reflexão, visto que somos nós, pais, os responsáveis por uma grande parte do desenvolvimento mental, emocional e físico de nossos filhos.

E os adultos? Com a pandemia estatísticas nos mostram que houve aumento de 35% no tempo diário de uso do celular, um total de cinco horas diárias em média no gadget. Tudo bem, trabalhamos através dele, mas quantos de nós se perdem no meio dos botões e telas e acabam perdendo um tempo absurdo navegando do nada para lugar nenhum? Atire o primeiro carregador aquele que nunca se assustou (e se odiou, em seguida) por ter ficado mais de uma hora olhando redes sociais ou vídeos inócuos quando havia trabalho a ser feito.

E aqui cabe uma outra reflexão, que para mim, é o efeito mais nefasto da atualidade. O consumo exagerado de redes sociais e vídeos com conteúdos puramente narcísicos, sejam eles pessoais ou profissionais, que reforçam nossa já abalada autoestima e insegurança em tempos pandêmicos. Digo isso porque não vejo ninguém alardeando o seu fracasso em reuniões de avaliação de resultados, ou como seu currículo está deficitário em relação às oportunidades de mercado. Não vejo pessoas dizendo o quão difícil está sua situação familiar com a intensa convivência ou como está difícil segurar a onda de ter que escolher o que pagar todo mês. Então está todo mundo em forma, todos serenos e meditativos no meio do caos? Todos trabalhando seguros e em alta performance? Família se reunindo em torno da mesa com sorrisos de propaganda de margarina? Claro que não! Porém, manusear e consumir conteúdos irreais e utópicos só nos faz acreditar que os outros têm tudo e nós não, o que claramente não é verdade.

Não vamos execrar o celular ou o tablet, não se trata disso, mas usá-los como portais para acessar conhecimento e neste ponto deixo aqui minha excelente experiência com o Duolingo para aperfeiçoar o inglês. Quantos cursos profissionais e hobbies existem, quantos livros a serem lidos, quantos lugares para visitar virtualmente. Um mar de oportunidades de crescimento intelectual e espiritual.

As redes sociais e vídeos? Defina quanto tempo você quer investir nestes conteúdos e limite-os. Assumir o controle do que você consome será um grande passo na edificação da sua vida.

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Luciana Tegon

Headhunter e Coach – Especialista em Carreira

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