apprenty recebe aporte de R$ 8 milhões e quer transformar o modo como ensino técnico profissional é visto no Brasil

Os fundadores Mariane Tonello, Guilherme Antunes e Marcela Teixeira. Foto: Divulgação/apprenty

Startup criou programa para alinhar a formação às necessidades dos jovens e das empresas e tem Stone, Creditas e Yuca entre os clientes

A apprenty, startup de ensino técnico para a economia digital, recebeu um aporte no valor de R$ 8 milhões. A rodada de investimentos foi liderada pela Canary com participação dos fundos Positive Ventures, Potencia Ventures e Latitud Ventures, além de investidores-anjo de organizações renomadas como iFood, Gympass e Loft. Com os recursos, a startup, que já conta com um programa de cinco semanas criado para ser o last-mile na preparação de jovens para entrada no mercado de trabalho para alinhar as necessidades de jovens e empresas, vai acelerar a criação de outras trilhas educativas e desenvolver ferramentas baseadas em inteligência artificial para auxílio e acompanhamento dos estudantes. A projeção é de capacitar e inserir mais de mil jovens no mercado de trabalho até o fim de 2024.

Fundada em 2022 por Guilherme Antunes, Marcela Teixeira e Mariane Tonello, a startup nasceu da percepção de que no Brasil há espaço para conectar a empresa ao jovem egresso do ensino técnico e profissional, principalmente quando se olha para a economia digital. O distanciamento entre as formas tradicionais de ensino e a realidade no cotidiano das companhias faz com que muitas empresas tenham dificuldade para encontrar talentos que estejam realmente preparados e motivados com os desafios do ambiente profissional.
 

Com o propósito de criar um caminho alternativo para que jovens cheguem mais preparados ao mercado de trabalho, a startup aposta no ensino técnico e profissional em parcerias com empresas que acreditam no modelo de trabalho e educação integrados, já aplicado com sucesso em países da Europa e que vem crescendo nos Estados Unidos. “É ótimo para os jovens, que chegam mais rápido no mercado de trabalho, e também para as empresas, que desenvolvem profissionais mais qualificados e adaptados à cultura da empresa”, diz Antunes, que já foi consultor da McKinsey & Company e, depois do MBA em Harvard, consolidou sua trajetória no setor educacional como diretor na Fundação Lemann. De acordo com o MEC, no Brasil, menos de 10% dos jovens saindo do ensino médio optam pelo caminho de formação técnica, que ainda é muito associada a oportunidades na área da saúde e indústria. A apprenty aposta no crescimento e transformação do ensino técnico no país, conectando a modalidade com profissões digitais.


Aportes visando o impacto social
A proposta de valor criada pelo impacto social da apprenty aliada à experiência operacional e alto conhecimento do mercado educacional dos co-fundadores foi o grande fator de atração para os investidores. De acordo com Filipe Portugal, sócio do fundo Canary, a motivação genuína de resolver uma grande dor para os jovens em busca profissional é o que torna a oportunidade de negócio cativante. “Poder investir na solução que eles enxergaram para o difícil acesso de jovens ao mercado de trabalho, por meio de educação de qualidade e desenvolvimento acompanhado é muito gratificante”, afirma Portugal. Gustavo Behring, sócio na Positive Ventures, destaca a urgência na promoção de uma mudança na realidade dos jovens brasileiros. “Em um contexto em que muitos nem estudam nem trabalham, a educação técnica desempenha um papel decisivo, especialmente quando aliada às habilidades digitais, cada vez mais requisitadas pelo mercado de trabalho”, avalia Behring.
 

O caráter inclusivo da apprenty é reafirmado pela escolha de iniciar por um modelo de negócio B2B sem custo para o estudante. Nessa primeira trilha educativa, o foco é oferecer uma formação rápida com foco em preparar o jovem para ingressar no mundo corporativo, desenvolvendo habilidades comportamentais e digitais, necessárias nas áreas administrativa e de negócios da empresa, tais como marketing, vendas e operações. As empresas parceiras podem contratar jovens do pool de talentos da apprenty para posições de jovem aprendiz ou estágio, ou optar pela formação de turmas exclusivas, neste caso sendo possível a customização de projetos e habilidades desenvolvidas conforme necessidade da empresa.
 

Além do programa inicial, as empresas contratantes também podem investir em uma formação técnica de maior duração para os jovens que forem contratados, serviço também realizado pela apprenty. “Nosso objetivo é preparar a nova geração de talentos com as skills do futuro. Durante o intensivo, construímos os fundamentos de habilidades como análise de dados, automação de processos com ferramentas low code e a aplicação de inteligência artificial para tornar mais eficiente as tarefas do dia-dia. Porém é necessário que esses jovens continuem se desenvolvendo após a contratação.” diz Mariane Tonello, co-fundadora da apprenty e que, antes, co-fundou a organização de educação Ensina Brasil e lançou a operação da edtech Coderhouse.
 

Como Funciona

A solução da apprenty aposta na simulação do ambiente de trabalho, em um processo que permite o desenvolvimento de competências técnicas e comportamentais e também a avaliação dos candidatos. Durante esse tempo, os jovens trabalham em grupos de forma colaborativa, no modelo de sprints e com projetos entregáveis que replicam um desafio comum em áreas como RH ou vendas. Essa matriz de aprendizado será aplicada em todos os programas educacionais da startup, com o objetivo de transformar o ensino técnico em uma alternativa para o ingresso rápido no ambiente profissional, com uma formação eficiente e alinhada às necessidades das companhias.
 

A startup usa tecnologia para que empresas recrutadoras tenham acesso a diversos dados na hora da contratação e encontrem talentos de maneira eficiente, de acordo com necessidades específicas. “Muitas empresas sentem que os jovens em início de carreira chegam despreparados para os desafios do ambiente profissional e acabam investindo muitas horas em processos de treinamento e onboarding . Por isso, no nosso intensivo simulamos os desafios com aplicação de cases reais e situações do dia-dia profissional”, detalha Marcela Teixeira, co-fundadora da apprenty que, antes, fez carreira no mercado financeiro e em tecnologia, passando por instituições como BTG Pactual e a startup a55. Marcela conta que o método cria dados valiosos sobre o perfil e habilidades do candidato durante o seu desenvolvimento, permitindo avaliar também o engajamento nas atividades e a performance no processo. “Com os dados disponibilizados em nossa plataforma, as empresas podem tomar decisões de contratação com muito mais rapidez e segurança, além de permitir grande economia de tempo em processos de onboarding pós contratação”, completa.
 

A startup investe na promoção da diversidade para atrair jovens talentos que normalmente estão fora do radar de grandes empresas e já conta com Stone, Creditas e Yuca como clientes. De acordo com Marcela, a maioria dos candidatos diversos são eliminados nos processos tradicionais de recrutamento pela dificuldade na avaliação de jovens sem experiência. “Nesse contexto, filtros conhecidos, como nome da universidade, excluem ótimos candidatos, com habilidades que vão além do diploma”, diz. Com o programa de cinco semanas baseado no desenvolvimento de competências técnicas e comportamentais através de projetos entregáveis, a empresa ganha na multiplicidade de aspectos para analisar sem preconceitos.


Sobre a apprenty

A apprenty é uma startup de ensino técnico para a economia digital que integra educação e trabalho. Por meio de programas que simulam um ambiente profissional, a apprenty prepara a nova geração de jovens com as skills do futuro e ajuda empresas a recrutar talentos com diversidade de uma forma mais inteligente e pautada em dados.

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