Estudo inédito revela como o trabalhador brasileiro entende as relações e a precarização do trabalho na sociedade atual

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Com mais de 1,2 milhão de menções analisadas, levantamento aponta que 48% das conversações sobre a situação do trabalho no país discutem sobre direitos trabalhistas e impulsiona lançamento da campanha Geração T

 A UGT (União Geral dos Trabalhadores), uma das principais centrais sindicais no país, acaba de realizar o maior estudo em ambiente digital sobre as relações de trabalho no Brasil. O estudo, o primeiro do tipo organizado por uma central sindical no país – organizado pela consultoria de comunicação LLYC Brasil -, analisou mais de 1,2 milhão de menções sobre as relações trabalhistas no Brasil no período entre janeiro de 2021 e janeiro de 2023. Além disso, indicou ainda como estão distribuídas as comunidades digitais (bolhas) que falam sobre o trabalho no país. O estudo revelou uma realidade, em parte de desesperança e desalento, e de outra parte de aptidão pela mobilização por uma situação menos precária em relação à forma atual das relações de trabalho no Brasil.


O levantamento avaliou percepções de diversos públicos, entre trabalhadores formais e informais, de diferentes categorias profissionais e identificou que mais da metade (58,58%) das menções sobre a situação do trabalho no Brasil apontam temas como direitos trabalhistas, precarização do trabalho, uberização e saúde mental como as principais preocupações dos trabalhadores hoje no país.


Entre as conversas analisadas na temática da uberização e precarização, é possível observar que há uma percepção negativa sobre a terceirização de serviços e o crescimento no número de trabalhadores autônomos e MEIs. Estas conversas também colocam em pauta um debate pertinente ao discutir se o aumento destes índices pode ser visto como um crescimento do empreendedorismo ou como um reflexo da precarização no trabalho no Brasil.
 

 



Os dados do estudo ainda mostram que os trabalhadores reconhecem, mas discutem, o papel das organizações sindicais. Do universo pesquisado em que estão as comunidades com viés positivo, o levantamento identificou mais de 30 mil perfis. Esse universo atingiu mais de 320 milhões de menções, que foram impactadas por conversas pró-organização sindical. Também do mesmo universo, 27,1% das menções indicam posição contrária a formas de financiamento da organização, como a contribuição sindical. Para 3,3% das menções que falam sobre a situação do trabalho no Brasil, a defesa dos trabalhadores é papel central da organização sindical, o que aponta para a necessidade de uma renovação do movimento sindical independentemente das novas formas de trabalho na proteção e na garantia dos direitos.


O estudo também indicou que os trabalhadores brasileiros estão preocupados com temas como a transformação na forma de organização do trabalho, a disrupção do modelo laboral, mas tudo isso sob um modelo baseado na precariedade das condições laborais e a falta de proteção dos trabalhadores com o descumprimento da legislação trabalhista. Para estes, o mundo do trabalho precisa de uma proteção coletiva.


As menções e as conversações sobre a realidade do trabalho no Brasil apontam que os trabalhadores consideram-se desprotegidos, pelas organizações de fiscalização do trabalho, pelas empresas que modulam a forma e as condições laborais e pelas organizações sindicais, cuja função seria a de exercer a mediação dessa relação. No Twitter, quase metade das menções (48,45%) que comentam sobre as relações de trabalho no Brasil – seja discorrendo sobre empregos informais, trabalho em aplicativos ou novos modelos laborais – falam sobre direitos trabalhistas.


 

Precarização e o “S” do ESG


Em um momento histórico em que as organizações empresariais do mundo todo (inclusive do Brasil), independentemente da atividade ou do setor em que atuam, discutem suas adesões à agenda ESG, temas como a precarização do modelo laboral no país, identificada no estudo feito sobre o universo de redes com mais de 1,2 milhão de menções, não têm espaço no pilar “S”. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) indicam que a taxa de precariedade do trabalho no último trimestre de 2022 alcançou 51,6%, apontando um crescimento relativo de 9,8% desde o último trimestre de 2015 (Pnad Contínua).


O estudo promovido pela UGT trouxe uma tarefa nova para o sindicalismo brasileiro: participar, juntamente com as companhias – de forma proativa e voluntária -, de uma reorganização necessária e urgente do modelo de trabalho adotado pelas empresas no Brasil, integrando-o ou devolvendo-o ao “S” da agenda ESG. Esse papel fiscalizatório das organizações sindicais, mas que também pode ser consultivo, tem o objetivo de reduzir quanto possível o nível da precariedade laboral alcançada no país, o que fora revelado pelos novos dados do IBGE, mas que também brotam no primeiro estudo promovido pela UGT sobre as percepções do mundo do trabalho identificados no universo das Redes Sociais.


A forma precária desse novo trabalho atinge diversas categorias profissionais, mas afeta com grande impacto a juventude brasileira, uma geração de trabalhadores que está experimentando condições laborais que impactam sua percepção profissional ou mesmo sua expectativa de futuro. Com o estudo, a UGT avalia que se tornou urgente a mobilização dos jovens em busca de uma condição laboral menos precária, que respeite direitos.


 

Geração T: campanha alerta para a perda de direitos, proteção do trabalhador e o papel dos sindicatos


Com base no estudo inédito realizado, a UGT decidiu criar uma campanha nacional para apoiar e mobilizar a nova geração de trabalhadores brasileiros por um novo modelo laboral e um novo ambiente para o desenvolvimento do trabalho nas empresas. A Geração Trabalhadora, Geração T, reúne trabalhadores de todas as idades, cor e raça que estejam hoje em quaisquer das formas de trabalho atuais, seja informal, formal, autônomo ou o chamado empreendedor.


E é pensando em todos esses trabalhadores que a UGT desenvolve a campanha Geração T, com o objetivo de aproximar e conectar os diferentes stakeholders da sociedade de forma a reforçar a importância de reformar o mundo do trabalho, destacando as questões que envolvem o trabalhador, nem sempre contempladas na agenda ESG.


“Há uma dissonância entre a cultura ESG promovida no mercado de trabalho, principalmente por grandes empresas, e os milhões de trabalhadores informais, impactados pelos efeitos da uberização, pejotização e pelas longas jornadas do teletrabalho. Nesse sentido, a campanha Geração T quer provocar a discussão e como os sindicatos podem ajudar a reduzir essa forma de desigualdade social no país”, afirma David Zaia, vice-presidente da UGT.


O crescente número da atividade autônoma dependente de aplicativos, associado também à reforma trabalhista de 2017, que flexibilizou as relações de trabalho entre empregado e empregador, contribui para a redução dos direitos trabalhistas anteriormente previstos e defendidos pela CLT.


“Estamos vivendo uma realidade em que muitos trabalhadores não estão dentro do mercado formal de trabalho e, portanto, não se veem representados pela estrutura atual dos sindicatos. Nós, da UGT, queremos mudar essa perspectiva e mostrar como a atuação das organizações sindicais, seja dialogando com stakeholders e poder público ou prestando serviços para o trabalhador, pode contribuir para que todos, independentemente do modelo de trabalho, tenham condições dignas para viver ”, ressalta Zaia.


Para apoiar essa nova geração de trabalhadores, é importante que os sindicatos estejam conectados às temáticas atuais que afetam o universo do trabalho e às agendas corporativas. Neste sentido, a UGT vem buscando o diálogo com diversos setores empresariais e da sociedade brasileira, inclusive aqueles que não têm conhecimento sobre a função social dos sindicatos em defesa dos direitos dos trabalhadores da Geração T.


A campanha tem como objetivo aproximar, conectar e reforçar a importância de repensar o mundo do trabalho, com a participação de toda a sociedade. A UGT entende que melhorar as condições de trabalho envolve um esforço coletivo, que deve mobilizar tanto as empresas quanto as organizações sindicais.


Para trazer mais informações sobre a campanha Geração T e ampliar a divulgação do estudo inédito, foi criado um hotsite exclusivo, que conta com informação e conteúdos relacionados ao universo do trabalho e discussões sobre ampliação e proteção dos direitos dos trabalhadores.

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