Ágil sim, mas com calma!!!

Aparentemente um paradoxo, mas que faz todo o sentido quando compreendemos que mindset ágil não é sinônimo de pressa ou de velocidade.

Cada vez mais comum nos diálogos das organizações, o pensamento (mindset) ágil tem ocupado cadeira cativa nos debates sobre boas práticas de gestão. Surge neste cenário um desafio para Gestão de Pessoas preparar a organização para o desenvolvimento deste modelo.

Nesse artigo vou me ater a três fatores fundamentais para este desafio.

O primeiro é que mindset ágil não significa fazer rápido. O que se deseja é: agregar valor ao cliente com celeridade. Para isso, desenvolver projetos e soluções que permitam entregas evolutivas de produtos ou serviços.

A ideia do ágil ganhou força com a indústria da Tecnologia da Informação que absorveu o entendimento de que mais relevante do que entregar documentações extensas, com especificações detalhadas e etapas de produção muito longas, é definir entregas possíveis no menor espaço de tempo, testando e atendendo aos requisitos do cliente.

O atendimento aos requisitos do cliente faz toda a diferença. O pensamento ágil pressupõe que haja clareza sobre as necessidades dele, que deve ser o foco. O processo é uma consequência, que será tão mais exitoso quanto mais houver alinhamento entre as equipes do projeto e os clientes.

Outro desafio é a adoção das ferramentas de métodos ágeis. Scrum, Squad, Design Thinking, Kanban, Lean Startup e OKR, são métodos próprios para gestão de projetos ágeis. Mas é válido adotar sempre? Se não for, quais e quando escolher?

É necessário avaliar o contexto e a característica do projeto. Essencialmente, avaliar o que se conhece sobre o projeto. Se, por exemplo, a finalidade do projeto e suas funcionalidades são conhecidas plenamente, aplicar o tradicional PMBOK pode ser a melhor escolha. Mas se a finalidade é conhecida, porém, o caminho para concretização não está definido com clareza, sugere-se a aplicação de métodos ágeis. Neste sentido, ter profissionais que dominem as ferramentas e saibam aplicar e escolher a melhor opção ou combinação, de acordo com o contexto, é importante.

E para fechar nossa conversa, vamos falar sobre cultura. Entender as expectativas do cliente numa empresa com foco excessivo em conformidade de processo, desenvolver projetos ágeis num ambiente altamente burocrático ou desenhar soluções compartilhadas, em squads, numa empresa centralizadora e hierarquizada, podem causar choques que certamente levarão a investida ao fracasso. Mindset ágil requer flexibilidade, criatividade, confiança, transparência, empoderamento, autonomia, delegação de responsabilidades, maior interação entre pessoas e geração de valor de negócio no menor tempo possível. E fatalmente, estes valores precisam permear a liderança da organização.

Portanto, quando decidir adotar o pensamento ágil, avalie com calma o contexto e os elementos que precisará trabalhar nas pessoas e no modelo de gestão. Se esta conta não estiver bem fechada, haverá grande chance de sua estratégia ágil tornar-se um caminhão de pedras.

William F. Ramalho de Sousa

Gerente de Desenvolvimento Humano e Social da Sabesp

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