Liderança além da competência
Projetar uma nova arquitetura em um mundo em crise parece ser a grande missão que teremos daqui para frente. Caos econômico, pontos de conflito mundial, incerteza do hoje e medo do amanhã podem paralisar a todos nós, independentemente do país e da localização geográfica em que estivermos, mais acentuadamente em países com instabilidade maior e com interrupções em seu crescimento.
Implementar estratégias de RH buscando nortear a empresa, que é composta de pessoas em crise existencial, ansiosas com o futuro, mas desmotivadas no presente, torna-se o grande desafio que exigirá lideranças altamente focadas no poder da Visão.
Entretanto, esses líderes, os fazedores e fabricantes de sonhos, fazem a diferença, porque têm inspiração, paixão e visão que mobilizam tanto as empresas, quanto as comunidades e sua própria vida. Suas atitudes determinam sua altitude de liderança. São automotivados e sabem que mesmo na Era Digital, da Inteligência Artificial, do e-learning e do e-commerce, o Ser Humano é e sempre será o patrocinador do nosso futuro comum.
Entender que o amanhã gera medo e estresse, abalando a confiança e, consequentemente, interferindo nos resultados é o ponto de partida para compartilhar esses sentimentos de uma forma catártica e libertá-los, principalmente quando se quer implementar estratégias de alavancagem de performance e resultados.
Todos sentem, mas nem todos falam. E aí está o grande mal. Mas só compartilhar sentimentos, sem um plano para manejar a melhoria dos canais de comunicação intra e intersetorial, evitando distorções e orientando as ações, pode transformar o primeiro passo em um cadafalso que o transforme em muro de lamentações.
Para otimizar essa fase devemos identificar os estágios de evolução, retrocesso ou estagnação.
Quando se elabora um plano estratégico, deve-se diagnosticar qual a mobilidade do quadro funcional com relação aos estágios em que se encontram diante das constantes pressões e mudanças.
No primeiro nível, encontramos colaboradores que veem a situação como vítimas. Emoções comuns neste nível são de desamparo, pessimismo e dependência. Um grande potencial de energia é gasto em resistência, raiva e medo. Trazem problemas e não soluções. Tentam se proteger em feudos para garantir seu status ou emprego e fazem pouco esforço para inovar. Neste nível há um prejuízo efetivo tanto pessoal, quanto profissional.
No segundo nível, os colaboradores não demonstram um expressivo esforço em se adaptar às turbulências e às novas situações. Despendem pouca energia para acomodar-se às mudanças. São resignados e não trazem novas ideias, nem criam alternativas. Não atrapalham nem ajudam, o que mascara a performance.
No terceiro nível, os colaboradores tendem a aproveitar a mudança e as pressões e investem sua energia para abraçá-las como uma potencial oportunidade. Se encontrarem foco e diretrizes organizacionais mais transparentes e mobilidade funcional, farão a migração efetiva da reatividade constante ao comprometimento e proatividade, usando significativamente o raciocínio sistêmico, ampliando a percepção de causas e efeitos na vida Organizacional e do impacto de seu desempenho nas metas pretendidas.
No quarto nível encontraremos pessoas proativas. A regra é criar. Estes colaboradores ajudam a empresa a ganhar competitividade. São os arquitetos do futuro e os agentes do presente. São os Dreams Makers citados no início de nossa trilha. Têm uma visão aguçada para possibilidades que outros não conseguiram vislumbrar e ousadia para poder implementá-las. São movidos por iniciativa, imaginação e senso de urgência que se integram fantasticamente à sua competência. São mentes que brilham. Encaram os desafios com propósito, otimismo e fé. Investem na exploração e fazem parte da história da Organização. No quarto nível, tais colaboradores não lutam contra o futuro, mas compactuam com o mundo do amanhã cocriando. Aceitar e correr riscos é fonte de prazer, aprendizagem e sucesso.
Entretanto, a ousadia e energia do quarto nível não é encontrada em abundância no Universo Organizacional, exatamente porque os Dreams Makers precisam dos work makers para catalisá-los. Partindo da premissa implícita na arte da guerra: “Aquele que conhece a si mesmo e aqueles que o cercam, ainda que em mil batalhas, jamais correrá perigo”, a questão nuclear é: em quais níveis os colaboradores se encontram?
Se você já tem essas respostas, então vamos avançar nesta perspectiva do seu papel como agente implementador de estratégias em cenários de crises constantes.
Se você já está em crise e é o responsável por resolvê-la, o exercício a seguir também será útil.
Entenda e acompanhe as quatro dimensões da mudança situacional:
Otimizando forças e neutralizando fraquezas:
Quem é o patrocinador da mudança?
Quem é a pessoa com maior nível de responsabilidade para iniciar a mudança?
Cada patrocinador da mudança dever ser avaliado respondendo as seguintes questões (escala de 1 a 5):
Se o total de pontos for aproximado de 28 ou acima o(a) patrocinador(a) terá sucesso.
Se o total de pontos for abaixo de 21, o(a) patrocinador(a) exibe lacunas e fraquezas, necessitando maior suporte e ajuda.
Se o total de pontos for abaixo de 14, o projeto está provavelmente em grande risco de insucesso; portanto, reveja pontos frágeis.
Agora que você já obteve a pontuação tangível, você pode, dependendo do resultado, animar-se com eles, mas nunca desanimar por eles.
Embora ao acordarmos a cada manhã o horizonte pareça sombrio, no mundo paradoxal em que vivemos, lembre-se de Hamlet (Shakespeare) que exclama em momento de intensa emoção: “Ó tarefa de amargar, que seja eu quem tenha de consertar”, ou então Frodo, personagem do Senhor dos Anéis, que diz ao Mago Gandolf: “Tempos ruins os que me tocaram viver. Gostaria que isso não tivesse acontecido na minha época”, ao que o Mago responde: “Tudo o que temos que decidir é o que fazer com o tempo que nos resta”.
Não há situação ou crise que seja absoluta ou má.
Olhe ao seu redor, caro leitor e cidadão da Aldeia Global. Saiba que os líderes fazedores de sonhos tocam o coração das pessoas, antes de pedir ajuda ou que façam qualquer coisa. Há muito o que fazer, portanto, mãos à obra.