Lowen nos ensina o poder do saber e do ser feliz
Como psicoterapeuta tenho, como princípio e meta, ajudar a integrar nas pessoas racionalidade com a emoção, garantindo assim o uso de competências múltiplas em que, para alguns desafios, a Inteligência Racional é fundamental, pois possibilita planejamentos e estratégias, dando foco nos resultados. Por outro lado, para os mesmos desafios, são necessárias as competências da Inteligência Emocional que dão sentido e significado a estes desafios, emocionando e fortalecendo as pessoas e suas equipes de trabalho para atingirem os melhores resultados.
Em seu texto Conhecimento e Compreensão, que trata dos aspectos racionais e emocionais, Alexander Lowen, criador da Análise Bioenergética, nos mostra alguns caminhos interessantes para fazer uma melhor integração entre o ser e o ter, entre saber e compreender. O seu livro Medo da Vida deveria ser uma leitura obrigatória para aqueles que desejam se autoconhecer e serem felizes.
Segundo Lowen, o conhecimento pertence ao segundo estágio da vida exclusivamente humana. O dicionário o define: familiaridade com fatos, verdades e princípios oriundos de estudos e investigações.
A compreensão é “o que está abaixo”. Difunde-se pelos tecidos do corpo, o qual sente e responde com inteligência ao meio ambiente natural. Compreensão são processos sensíveis do corpo.
Conhecimento são processos de pensamento da mente.
A compreensão é uma sensação da parte inferior do corpo, isto é, um processo empático que depende da resposta harmônica de um corpo a outro, ao passo que conhecimento vem de cima da cabeça, da mente.
O conhecimento é uma função do ego, que a medida em que se desenvolve, acabará por adotar uma posição objetiva e superior com respeito ao corpo.
Seria muito bom se nosso conhecimento aumentasse à proporção em que nossa compreensão se aprofundasse, mas, infelizmente, isto acontece raramente.
Em geral, o que pensamos que é conhecimento contradiz nossa compreensão, e no conflito entre as duas informações, nossa tendência é confirmarmos o conhecimento negando nossa compreensão.
Para Alexandre Lowen, o poder é uma força importante neste mundo e que sem ele somos vulneráveis. Fazemos enormes sacrifícios para obtê-lo.
Sacrificamos nosso prazer, nossa integridade e nossa paz de espírito pelo poder, na forma de dinheiro e de sucesso. Compreendemos que o prazer, a integridade e a paz de espírito são essenciais ao nosso bem-estar, mas não conhecemos que isso é assim.
Ao invés de basearmos o conhecimento na compreensão, tentamos derivar nossa compreensão do conhecimento.
Isto não é negar o valor do conhecimento, mas, sim, poder entregá-lo à compreensão, poder unir nossas cabeças a nossos corpos.
A síntese entre conhecimento e compreensão é chamada de sabedoria.
A sabedoria é a percepção de que o conhecimento não fundamentado em compreensão é destituído de significado, pois não tem vinculação com a totalidade.
Por outro lado, a compreensão sem conhecimento é impotente, porque lhe falta a informação factual necessária ao controle de uma situação ou para efetivarmos uma mudança.
Sabedoria é perceber que a vida é uma viagem, cujo significado se encontra no percorrê-la e não em seu ponto de chegada.
A pessoa sábia é como a esfinge, no sentido de ter reconciliado em si mesma as forças opostas da natureza humana, o corpo animal e a mente divina.
Sabedoria significa ver o coração das coisas, por baixo da superfície de nossas contradições, onde não há bom ou mau, certo ou errado. Significa ver o ser humano como o animal que é, lutando para conseguir segurança e ainda ser livre, ser produtivo mas também jovial, buscar prazer mas também conhecer a dor, ansiar pela transcendência e não obstante contentar-se por estar contido num corpo finito. É saber que o amor não existe sem a possibilidade do ódio. É saber que existe a hora de viver e a hora de morrer. É conhecer a glória do desabrochar da vida, que parece esmaecer depressa demais, mas que deixa atrás de si uma semente que brotará em seu momento certo. É saber que a pessoa existe para celebrar.