Sou seu "Líder" e estou aqui para te ajudar. Cuidado isso pode se tornar crime

O que realmente é um líder? Uma pessoa que te inspira a ser melhor, chegar em seus objetivos e aprimorar ainda mais a sua melhor versão. 

Cada vez mais, essas figuras aparecem nas empresas. O velho chefe lacônico e “insensível” deu lugar ao bonzinho Líder que está aqui para te ajudar. O que esses dois personagens têm em comum?  Eles deixam bem claro o que são para você. “Sou seu Chefe – mando aqui” e “Sou seu Líder – estou aqui para te fazer uma pessoa melhor”.

Nota-se que o chefe é individualista e deixa seus interesses bastante transparentes. O Líder usa de seu altruísmo para chegar em sua conquista: fazer com que seu subordinado evolua e seja melhor. No meio de tanta compreensão e zelo, um questionamento acaba passando: “Mas qual é a melhor versão daquele que está sendo ajudado?”. O Líder realmente o conhece para “ajudá-lo“? Ou isso faz parte de seu objetivo como Líder de tornar uma pessoa melhor para a versão que ele mesmo julga como a ideal?  

Atualmente, é considerado extremamente importante a junção da vida pessoal com a profissional. Isso é uma reflexão perfeita. O problema acontece quando somente os pontos pessoais são vistos pelo Líder e os feitos profissionais são descartados. Para alguns Líderes, seu case de sucesso, é transformar seu funcionário em alguém melhor, independentemente da entrega no trabalho em si. É uma causa nobre mostrar que “ele foi o salvador daquela pessoa que nunca seria ninguém caso não mudasse seu jeito após suas diretrizes”. Mas será mesmo que o tão compreensivo Líder conhece seu subordinado, para ajudá-lo a se tornar uma pessoa melhor?  

Às vezes, essa causa pode destruir seu subordinando, já que ele não é aquilo que seu Líder deseja que ele seja e aí que nasce o perigo da humilhação moral, assédio em cima do subordinado e essa relação pode ser considerada crime no decorrer das atitudes.

A posição de uma pessoa subordinada que não reflete as expectativas pessoais do seu Líder, muitas vezes é caracterizada por crime contra a honra, já que, nesse processo de querer “transformar em uma pessoa mais perfeita e não num profissional competente” as cobranças são caraterizadas no lado pessoal e ofendem muitas vezes o decoro, sentimento daquela colaborador. 

Os crimes de injúria e difamação previstos no Código Penal estão ligados diretamente com o sentimento e a imagem das pessoas que recebem essas críticas, logo, quando essas censuras ultrapassam o profissional e atingem o lado pessoal no seu mais íntimo anseio, está configurado o crime contra a honra, punível por prisão em regime aberto e passível de indenização.

Jacqueline Valles

Valles & Valles Sociedade de Advogados

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