Educação, treinamento e estruturação do trabalho: novas demandas e dinâmicas
A pandemia acelerou algumas mudanças que já estavam em curso na economia, com as empresas pressionadas pela necessidade de fazer frente à crescente competição dos negócios. Outro fator que vem afetando a economia de forma significativa é a contínua incorporação de novas tecnologias na produção e na administração das companhias dos mais diversos segmentos.
As demandas de aprendizagem das pessoas velhas e novas podem ser classificadas como a necessidade de aprender um novo trabalho ou um trabalho antigo. Neste momento, e no futuro, a maior concentração das necessidades de aprendizagem fica restrita ao trabalho novo. Este trabalho pode estar relacionado a novas profissões ou à reconversão de antigas profissões.
O fato concreto é que já há e haverá cada vez mais uma demanda substancial, sem precedentes históricos. O outro período com alta demanda de aprendizagem foi durante a Revolução Industrial, mas, as necessidades de aprendizagem eram menos complexas, cresceram paulatinamente e se davam basicamente apoiada em metodologias já dominadas nas corporações de ofício.
Agora, ao contrário, as demandas têm grande complexidade, são na maioria inéditas, surgem de forma acelerada e pedem a adoção de novas formas de aprendizagem. A frase “faça o que seu mestre mandar” perdeu o sentido. O professor, instrutor ou assemelhado deixa de ser um distribuidor de conhecimentos para tornar-se um animador da aprendizagem.
Hoje as crianças, desde a mais tenra idade, habituaram-se a aprender sozinhas desde as atividades mais simples até o domínio de equipamento eletrônicos. Elas se rebelam contra a intervenção dos adultos sejam eles pais, professores ou pastores religiosos. A frase símbolo poderia ser: sai pra lá que eu quero aprender sozinho.
Outro ponto a destacar é a necessidade de aprendizagem das empresas, indispensável para que elas tenham sustentabilidade ou mesmo sobrevivam. Não é difícil elencar um número considerável de empresas que foram verdadeiras lendas no mundo dos negócios e que desapareceram ou estão no fim da fila no alcance de resultados.
É preciso agir rápido para encontrar novas dinâmicas, metodologias e tecnologias para apoiar a aprendizagem corporativa, pois, os berçários, hospitais e cemitérios de profissões ou negócios já estão lotados e tendem a encher mais.
As pessoas aprenderam rápido e, por conta própria, a trabalhar em home office. Surgiram do dia para noite centenas de tipos de profissionais ou negócios para fazer frente às novas demandas decorrentes da pandemia. Na sua maioria, as pessoas buscaram isso sem nenhum suporte. Foram bem-sucedidas, mas isto não significa que o suporte seja desnecessário. Certamente com ele os resultados podem ser maiores e melhores.
É necessária uma palavrinha sobre o contexto do Mundo Corporativo. Ele tem sua consistência ainda apoiada em sucessivas adaptações feitas às mudanças econômicas, políticas e sociais desde a primeira metade do Século XX e que se aceleraram após os Anos Sessenta. Essas adaptações garantiram a sobrevivência de empresas e trabalhadores, mas na medida que o tempo passou tiveram de ser maiores e mais rápidas.
O que a pandemia provocou no mundo dos negócios nos mostra que esta forma de se ajustar é insuficiente. E, mais, mesmo que a educação e o treinamento sejam fundamentais, ainda que passem por um processo de remodelação radical, não darão conta de garantir sustentabilidade às empresas e empregabilidade às pessoas.
Há de se fazer uma reestruturação completa das cadeias de produção mundiais, pensar de forma diferente na construção e distribuição da riqueza, redefinir a organização e a duração das jornadas de trabalho. Isto nos leva a necessidade de construir um novo pacto social.
Só assim, empresas e pessoas terão alguma chance de sobreviver em um mundo em que ideias, tecnologias e produtos serão vitimados por rápida obsolescência.