A pandemia gerou um aumento de demanda no setor de tecnologia e a consequente necessidade de recrutar mais profissionais. Ao mesmo tempo, foi necessário desenvolver novas ferramentas e adotar entrevistas de seleção por meio de videoconferências. No início, o medo sobre como avaliar uma pessoa por meio de uma câmera, além da dificuldade de encontrar a ferramenta ideal, geraram preocupações se esses processos poderiam impactar o recrutamento e por consequência o desempenho da empresa. Mas, depois de contratar mais de 70 pessoas entre profissionais e estagiários nos últimos 18 meses, acredito que a seleção por videoconferência permanecerá mesmo após o fim da pandemia.
No processo seletivo de um profissional para a área de tecnologia é preciso realizar ao menos duas entrevistas. A primeira, feita pelo profissional de recursos humanos, tem o objetivo de avaliar as habilidades comportamentais e alinhamento do candidato com a cultura da empresa. A segunda, que conta com a participação de um colaborador da área técnica, visa avaliar o conhecimento técnico dos candidatos.
Um grande benefício da adoção do processo online foi o alinhamento das entregas de contratação com a agenda dos profissionais da área técnica, que ficou mais fácil e rápido. Outro benefício foi a quebra das barreiras físicas graças à política de trabalho remoto, que facilitou a contratação de pessoas de todos os estados do Brasil, e até de fora do país.
As ferramentas de videoconferência ainda possibilitam a realização de dinâmicas, o que era impossível em algumas empresas devido às limitações dos espaços físicos. Essas dinâmicas realizadas com os candidatos às vagas de estágio são acompanhadas por profissionais da equipe de recursos humanos e da área técnica, o que permite avaliar as habilidades de comunicação e os conhecimentos técnicos de um número maior de pessoas ao mesmo tempo, o que torna mais ágil a seleção de novos estagiários.
Mas o sucesso para que uma empresa seja escolhida por um bom candidato, que é disputado no mercado, está em alinhar a praticidade do processo seletivo por meio das videoconferências com as práticas que eram adotadas nas entrevistas presenciais. A experiência proporcionada ao candidato no processo seletivo passou a ser um atrativo quando ele escolhe uma empresa. Essa experiência inclui a forma como ele é abordado no primeiro contato, a condução da entrevista e o interesse do recrutador na pessoa e em suas respostas.
Ao receber elogios de funcionários e estagiários recém-contratados pude concluir que algumas empresas, seja por pressão para aumentar a velocidade na contratação ou mesmo mudanças em sua forma de recrutamento após a adoção de entrevistas por meio de videoconferência, podem ter perdido práticas que eram realizadas nas entrevistas presenciais.
Os cuidados na condução da entrevista também ajudam os recrutadores a selecionarem os candidatos às vagas. Após criar um vínculo com o candidato é perceptível que eles passam a conceder respostas mais completas e ficam mais à vontade para abordar a parte técnica do trabalho, informações que auxiliam os recrutadores a selecionarem a pessoa mais indicada para a vaga. Manter a entrevista no ambiente virtual como era no pessoal, hoje é um diferencial!
Juliana Gonçalves é Head of People da Icaro Tech, empresa com escritórios em Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, que atua na transformação digital de empresas por meio do desenvolvimento e implementação de software e tecnologias, consultoria, integração de sistemas e serviços gerenciados. Juliana é graduada em Psicologia pela PUC-Campinas e com especialização em Gestão Estratégica de empresas pela Unicamp. A executiva atua há mais de 15 anos na área e tem experiência no desenvolvimento de estratégias de atração, retenção e desenvolvimento de talentos. Na Icaro Tech, desde 2011, Juliana é responsável por ajudar a transformar os processos tradicionais e cotidianos da empresa em modelos que promovam o engajamento dos colaboradores.