Dez entre dez empresas reclamam de problemas de comunicação interna. Em um determinado momento é porque algo não foi dito, ou foi dito mas não chegou até a equipe X, ou não foi dito de maneira correta. Nas reuniões, o combinado quando não registrado, é entendido das mais diversas maneiras. Quando registrado, muitas vezes é feito de maneira burocrática apenas para os arquivos, pois cada um fica com o próprio entendimento da reunião sem ao menos uma leitura transversal do registro dos principais pontos.
Empresas vem se preocupando cada vez mais com seus processos comunicacionais, mas nem sempre direcionando as ações de maneira eficaz. É notório que o investimento maior é na comunicação externa, voltada para o cliente, como se todos os tipos de comunicação se resumissem ao Marketing. Empresas de grande porte, e algumas de médio porte, chegam a ter departamentos específicos para tratar dos processos comunicacionais, alguns até voltados para o público interno com campanhas atrativas, redes sociais internas, TVs corporativas, dentre outros canais. São inciativas importantes, algumas vezes feitas por especialistas, outras não.
Tudo isso no âmbito institucional. A pergunta é: o quanto as empresas estão olhando para a comunicação interpessoal entre gestores e equipes e entre pares como a base de muitos problemas organizacionais que implicam em perda de tempo e de dinheiro? São retrabalhos, desperdício de material, dentre outros prejuízos pela baixa habilidade e falta de assertividade na comunicação interpessoal. Quantas empresas estão preocupadas em investir neste tipo de treinamento de maneira individual ou em pequenos grupos?
Fala-se em clareza, objetividade, assertividade, mas como efetivamente moldar o discurso nestas bases? Talvez a questão seja anterior à estruturação do discurso. E é sobre esse ponto que eu proponho tratarmos hoje. O que vem antes da forma.
Será que estamos trabalhando a estruturação do pensamento dos nossos gestores? Sim, porque em muitos casos a questão da comunicação começa antes dos processos de escrita e de fala. Ele vem da desorganização do próprio pensamento do gestor.
E como a empresa pode ajudar? Treinando a equipe de gestores na arquitetura do pensar. Arquitetura do pensar é bem diferente de formar gestores dentro da cultura organizacional, em visão sistêmica ou em inovação. É olhar para o processo de organização das ideias que poucos reconhecem a sua falta. Isso porque não questionam ou não investigam seus próprios pensamentos.
É possível iniciar esse processo com ferramentas simples, algumas inclusive utilizadas na criação de produtos ou gestão de processos. Aplicar essas ferramentas na organização do pensamento. Uma sugestão é a adaptação do 5W 2H ao ato de pensar.
Vamos exemplificar com uma suposta reunião para passar orientações sobre um projeto. O que eu devo considerar na elaboração da minha proposta para ter um pensamento abrangente?
Que atitude ou comportamento eu espero de cada envolvido? – para chegar lá, o que eu espero especificamente que cada um dos envolvidos faça ou fale? Definição individual de expectativa – sensação de comprometimento, responsabilidade e clareza.
Olhando a lista acima, os itens podem parecer “óbvios”, mas quantos gestores abordam todos estes elementos na comunicação com as equipes e com seus pares? Que tal incluir o tema no projeto de desenvolvimento de lideranças ou na grade de treinamentos?